“Não me surpreendeu ver Rui Costa trazer jogadores de topo. Uma equipa com as suas ideias”

    Bruno Lage esteve presente no Web Summit onde falou sobre a sua saída do Benfica e sobre o que aconteceu para ir do céu ao inferno em tão poucos meses.

    ” Na primeira época, recuperámos um atraso de sete pontos e, na época seguinte, no final da primeira volta, éramos nós que tínhamos sete pontos de vantagem. Perdemo-la depois da primeira queda de rendimento que tivemos em 13 meses. Quando o campeonato recomeçou, após a interrupção causada pela pandemia, jogámos em casa, no Estádio da Luz. Tivemos um bom desempenho, mas perdemos várias oportunidades, e sentimos a ausência dos adeptos. Jogar num estádio sem adeptos foi uma experiência nova, e sinto que, com eles, poderíamos ter vencido aquele jogo. Apesar do empate, estávamos com os mesmos pontos que o primeiro classificado. Nessa noite, o nosso autocarro foi atacado e o Weigl e o Zivkovic magoaram-se. As casas de vários jogadores foram vandalizadas. Gerou-se um clima de grande instabilidade em torno da equipa. Sinto que, com cinco jogos da liga ainda por disputar, assim como a final da Taça de Portugal, poderíamos ter terminado a época. E então, com tempo e calma, tomaríamos a melhor decisão para todos, particularmente para o Benfica. Não se trata de ser justo ou não. Foi uma decisão do presidente que devemos respeitar.”

    Lage também falou sobre o trabalho que Rui Costa tem vindo a fazer no clube.

    ” Estou bastante familiarizado com as ideias de Rui Costa. Pôs em prática as suas ideias para a construção de um plantel. Identificou com precisão quem ainda era capaz de atuar no Benfica, olhou para dentro e trouxe os melhores jovens para trabalhar com a equipa principal, e olhou para fora para trazer reforços de qualidade indiscutível que acrescentam valor. Não me surpreende vê-lo, como presidente, a trazer jogadores de topo, como o Enzo Fernández. Teve tempo suficiente para escolher o treinador que melhor pudesse implementar e complementar as suas ideias. Ele trouxe o Roger Schmidt e as coisas têm estado a funcionar bastante bem. O Benfica joga muito bem, está a liderar o campeonato e passou a fase de grupos da Liga dos Campeões na primeira posição. A relação entre o presidente e o treinador é crucial para sustentar o projeto de um clube”.

    Também lamentou não ter tido mais tempo para trabalhar no Benfica e Wolverhampton: ” A minha experiência no Benfica e no wolves diz-me que o próximo passo tem de ser o projeto certo. Uma grande lição que aprendi foi que necessito de convencer as pessoas do que preciso e de que as coisas não surgem naturalmente. Tinha boas ideias para o Benfica e para o wolves, mas não tive tempo, nem os jogadores certos para continuar. Não precisava de jogadores caros, mas sim dos certos”.

    Recorde-se que Bruno Lage foi o último treinador a ser campeão pelo Benfica, numa época em que conseguiu uma recuperação fantástica, com João Félix em destaque.

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